domingo, 28 de dezembro de 2008

O Prefácio de Mares d'Alma

Por Jorge Castela:
Prefácio

"E assim acontece este mar

“Mares d’Alma” acontece no mar alto, onde as águas se misturam, onde o infinito de Deus se cruza com o desejo de infinito da autora, Elsa Sequeira.
“Mares d’Alma” acontece no mar alto da sua vida, numa idade que já reuniu as experiências necessárias para ter vontade de as espalhar pelos ventos e pelas marés. São os ventos onde voa a sua imaginação. São as marés que ora a enchem de alegria ora lhe levam a mesma cor da alegria.
Não quero arvorar-me de autoridade para fazer análises psicológicas, mentais, espirituais ou afectivas. Limito-me a interpretar literariamente as palavras que escreve a partir do conhecimento que me chega através de uma amizade de poucos anos, mas de muitas palavras, escritas e partilhadas.
Não é ao acaso que o livro se chama “Mares d’alma”.
Quem conhece a autora sabe que ela contém um “turbilhão” dentro de si, algo que hoje é assim e que amanhã vai mais além. Ela assume a vida com altos e baixos, dores e alegrias, problemas e soluções, crises e capacidades, loucuras e clarividências. Mais do que procurar um sentido na vida, ela procura sentir a vida. Por isso sente tudo consoante a sua circunstância. Por isso sente tudo de forma intensa e tudo acontece como no mar. Tudo acontece nos seus poemas com silêncios, tempestades, murmúrios, sonhos, naufrágios, salvamentos e muita vida, uma vida feita de seres que quase ninguém conhece a não ser quando mergulha nas profundezas desse mar.
Porque a sua vida é um “turbilhão, nunca este livro se poderia resumir num “Mar d’alma”

“No mar me perco
e no mar me encontro,refúgio de todas as horas!”
(poema “Encontrarei…”)

Quem não a conhece, pode perceber os “mares d’alma” na repetição constante de palavras com significados diferentes e com emoções diversificadas, descobrindo assim que o sentir e pensar da Elsa Sequeira é um constante vai e vem. Tal como as ondas.

“é aqui que venho,
todos os dias
lançar as minhas emoções,
peço-lhe que as leve
e que as traga,”
(poema “Espalhando emoções”)

Pode parecer que a autora possui uma personalidade paradoxal. Mas é, na realidade, uma personalidade rica, que nas palavras deste livro encontrou a forma mais natural de dizer e de descobrir quem é: “caminhar”, “chorar”, “palavrear”, “existir”, “encontrar”, “ser”, “navegar”, “desenhar”, “escrever”, “ver”, “sentir”, “passear” são alguns dos muitos verbos que aparecem substantivados ou em diversas conjugações verbais e que demonstram o seu anseio em descobrir “para quê e porquê?”, “com quem e para quem?”, “como?”.
Ela faz uma viagem pela existência, mas uma viagem que se faz mais nas águas que nas terras, que se faz mais a voar que pisando terra. Uma viagem de vai e vem. Tal como as ondas.

“que vai e vem”
(poema Livre…)

Por isso, mesmo quando não lemos “ondas”, sentimo-las em cada poema deste “Mares d’alma”. Por isso muito silêncio e muitas palavras. O vai e vem constante de palavras, gestos, emoções, sentimentos. Ela tanto pensa assim como pensa mais além. Por isso encontramos neste mar os “Mares d’Alma”. Por isso o seu encontro consigo mesmo está neste mar.

“Não me lances à terra
Lança-me ao mar
Porque aí quero renascer…”
(do poema “Quando eu partir…”)"

Jorge Castela, Padre – Diocese da Guarda -

2 comentários:

Ana Pallito disse...

És mar profundo

paulocorreia disse...

Sou o sobrinho do Paulo Sempre.Ele tem este livro eu tambem já li o poema chamado "Filho" ke esta na página 84.


Bom ano 2009